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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Bull Terrier como Guardião

     Cotrovertem, acirradamente, Cinófilos e Criadores, acerca da adequação do Bull Terrier para a guarda, polarizando-se em duas correntes: a) os que o reputam impróprio para a guarda, pretendendo que seja somente cão de companhia e exposição; e b) os que o utilizam, no cotidiano, como guardião e vigia, servindo-se da sua coragem, territorialidade e determinação.
   Os adeptos da primeira tese, fulcram-se na descrição do padrão adotado pela CBKC, que lhe atribui a qualidade de  "especialmente bom  com as pessoas". Os partidários da segunda, sustentam-se na observação concreta do seu instinto protetor.
   Preliminarmente, nada despiciendo acentuar que todo cão é dotado do atévico instinto de defesa do grupo, herança do ancestral lupóide, sabidamente organizado em matilhas. Referido reflexo se manifesta, portanto, tanto num plácido Bichon Frisé, ao emitir intensos latidos de alerta; quanto num poderoso Bull Mastiff, ao sobrepujar, fisicamente, um intruso.   
   Se, por um lado, é certo que, durante décadas, o Bull recebeu socialização e teve seu temperamento sistematicamente amenizado, restando, hoje, distante do intolerante gladiador do Século XIX; por outro, não se pode negar que a extensa experiência acumulada pela raça, em quase duzentos anos, nas funções de lutador, caçador, exterminador de roedores e guarda de propriedades encontra-se impegnada no seu arcabouço hereditário, podendo ser estimulada e resgatada, de acordo com o emprego dado a cada exemplar (a exemplo da atual figuração do Bull, como um dos prediletos no submundo da rinha). A descrição do padrão da CBKC (Confederação Brasileira de Kennel Klub) corrobora nese sentido, ao classificá-lo (para não enaltecer suas habilidades de luta) como cão de caça - reconhecendo esta aplicação histórica -, sem qualificá-lo, em momento algum, como cão de companhia. Outro ponto é que do Bull Terrier descendem raças usualmente empregadas na guarda pessoal e patrimonial, a exemplo do Dogue Brasileiro e do Dogo Argentino, o que denota a transmissão hereditária da vocação.
   Especialistas em comportamento canino definen como guardião o que apresente as seguintes características: a) poder intimidatório, no sentido de dissuasão de eventuais invasores; b) estado de alerta, mantendo-se em constante vigilância; efetivação de rondas, especialmente noturnas; d) sociabilidade relativa, no sentido de não se agradar da presença de quem não seja amigo ou parente da "família"; e) discernimento, para distinguir uma ameaça real; f) equilíbrio, sem demonstrações gratuitas de agressividade; e g) combatividade, para lutar e atacar, quando necessário.
   Brutus  é um exemplar muito forte (com atuais 30 kg) e musculoso, com ampla envergadura, realçada pelo tronco em barril. Acrescentando sua "cara feia", destacada pela marcação "pirata", ao redor do olho direito, realmente impõe respeito.
   Tem como êxito, neste aspecto, o imediato afastamento dos que figuravam como pedintes, com potencial de investidas. Como aspecto negativo, nossas constantes (e, por vezes descortezes) intervenções, para defendê-lo dos ataques de preconceito e ignorância, durante nossos exercícios.
   Como ocorre com todo guardião, Brutus repousa pela manhã, e trabalha durante a noite e a madrugada, rondando o quintal a partir da sua "base", na área de visitas, defronte ao portão de entrada. No turno vespertino, ou está se distraindo (cavando na sua área de areia, usando seus brinquedos ou caçando lagartixas) ou permanece deitado na passadeira, de onde observa o portão de entrada, e adverte os transeuntes, inclusive os que passam pelo outro lado da rua, especialmente quando lá se encontra estacionado um dos automóveis da família (os quais considera extensão do território guardado).   
   Em face de qualquer ruído, voz desconhecida, até mesmo carros de som, especialmente quando se abre o portão, ele se desloca, correndo e rosnando, até o objeto da sua investigação.
   Brutus, intencionalmente, recebeu socialização relativa, no objetivo de não ser amigável com estranhos. Permite o livre ingresso de somente três pessoas "de fora", com as quais, desde sempre, foi habituado. Acreditamos que este particular consiste na chave para o êxito na guarda. Bulls não ostentam agressividade, à maneira de Dobermans ou Rotweillers, que logo "mostram as presas" aos desconhecidos. Portanto, uma socialização demasiada tenderia a tornar o Bull afável com pessoas, prejudicando seu desempenho na guarda.   
   Nosso cão. na medida em que amadureceu, consolidou sua vocação: um amigo pessoal, também cinófilo, que, na época da chegada do Brutus, nos visitava duas vezes por semana, e com ele estabelrceu amizade (ao ponto de obter a clássica demonstração de submissão: o cão deitado, com as patas prá cima, expõe o pescoço), foi surpreendido ao imiscuir-se, com maior amplitude, à noite, no território guardado, ao ser recebido com arriscada animosidade. Aos seis meses, o cão rompeu a carcomida guia de nylon que o continha, para investir, com toda combatividade, contra um leiturista da Companhia de Eletricidade, tendo sido imobilizado, com muito custo, pelo meu pai.  
   Está claro que, para Brutus, a guarda está intrinsecamente ligada à defesa do território, visto que, durante nossos passeios, especialmente na praia, permite, com total equilíbrio, a aproximação de qualquer pessoa, adulto ou criança, não sendo raros os pedidos de pose para fotos ao seu lado. 
   Entretanto, seu baixo grau de discernimento o conduz a enxergar como "ameaça", inclusive qualquer criança que passe diante do nosso portão ou que adentre o seu território, particular que exige especial cautela.
   Consta, da edição nº 248/2000 do respeitado periódico Cães & Cia., depoimentos de oito proprietários que testificam a verve guardiã: a) que "o Bull tende a ser reservado com desconhecidos"; b) que "aceita a presença de estranhos, mas se mantém atento e não é de puxar brincadeira com quem não conhece direito";  c) que "é um cão fora do comum, inteligente, companheiro, silencioso, bom na guarda e cheio de responsabilidade"; d) que "está sempre atenta ao movimento da rua"; e) que "Se a pessoa tiver uma atitude que o Bull considere ameaçadora, ele avança e age como um verdadeiro guardião"; e f) que "Ainda que raramente lata, é muito alerta. Mesmo que esteja mergulhada em um sono pesado".
   Comentaristas e Criadores do Reino Unido lhe conferem amplo prestígio como guardião.
   
   
     
           

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Comportamento

    Um típico Bull Terrier se afigura equilibrado, especialmente devotado ao seu Dono, muito apegado aos demais componentes da família, sempre disposto a uma brincadeira ou atividade física, silencioso, extremamente curioso, ativo, alerta, higiênico, divertido e bem teimoso.
   Brutus se mostra, antes de tudo, muito tranqüilo. Nunca manifestou hostilidade contra nenhum de nós, nem ostenta agressividade.
  Mesmo nas várias situações onde estivemos sujeitos, durante nossas caminhadas, a iminentes ataques por outros cães, sempre permaneceu calmo e em atitude de defesa (porte altivo, olhar fixo, expressão "fechada" e testa franzida), sem jamais recuar.
   Trata-se de um cão muito afetuoso. Deixa claro sua preferência pelo seu "Líder", permanecendo junto ao meu quarto, quando chego em casa; e, sempre me seguindo pelo quintal. Inobstante, demonstra grande amizade (convidando para um jogo ou desafiando para uma "disputa", trazendo seus brinquedos até nós) e afeição (lançando-se ao colo ou se esfregando nas nossas pernas, como um gato) por todos e necessita estar o mais próximo possível (aos pés de quem lê, deitado do lado externo do gradilho da cozinha) da companhia humana. Seus jogos preferidos são o "cabo de guerra", buscar (e disputar) a bolinha e "luta livre". Uma única resslava diz respeito ao vigor das suas brincadeiras, sempre envolvendo "corpo a corpo" e consideráveis "mastigadas", motivos pelos quais recomendamos supervisão extra com relação a criancinhas.  
   Brutus, enquanto filhote, quase nunca se mantinha quieto, preferindo ocupar-se com algo "interessante". Até seus oito meses, apesar das medidas educativas, foi um obstinado escavador de jardim e destruidor de forros, roupas, cadeiras de vime e pesos de escorar portas, com vários atentados contra calçados (seu alvo predileto). Nesta fase, utilizamos brinquedos, para adequada vazão aos impulsos. Aqui manifestou-se, também, seu instinto de caçador, contra pássaros e lagartixas. Nesta fase, somente permitía-mos uma única entrada diária ao interior da casa, sob supervisão. 
   Aos  seis meses iniciou o desempenho da vigilância noturna e a prática regular de exercícios físicos, segundo  um programa de três caminhadas por semana; inicialmente, de apenas quinhentos metros, para evitar sobrecarga, com vistas à preservação das articulações ainda em desenvolvimento. Necessária, aqui, alguma paciência, até que se habituasse ao uso da guia e ao ruído dos veículos e do ambiente externo.
   Na ocasião, revelou alguma timidez e grande resistência ao uso da coleira, que foi superada com a estratégia de deixá-la no seu pescoço durante alguns dias, efetivando, com auxílio da guia, pequenos passeios pelo quintal.
   Superados estes entraves, aumentamos o percurso, na medida em que a idade do animal avançava, para seiscentos metros, um quilômetro, dois quilômetros, três quilômetros, de sorte que, atualmente, caminhamos,  em ritmo intenso, tranqüilamente, quatro ou cinco quilômetros por vez.
   A característica de Brutus que, de logo, nos chamou atenção, foi seu silêncio; aos três meses, quando o recebemos, além de nunca grunir à noite, raramente ladrava. Apenas alguns fortes latidos isolados, vez por outra, causando, inclusive, dúvida, na vizinhança, se detínha-mos um cão. Somente após iniciar-se na guarda noturna, aos seis meses, passou a latir com maior freqüência, quando alguém se aproximava do portão. Durante o dia, somente latidos de advertência, na eventual aproximação de estranho; e vigorosos "pedidos" pela sua refeição matinal.
   Brutus desde sempre manifestou intensa curiosidade. Nunca esquecemos o momento da sua chegada, quando saltou da perua e, de imediato, passou a "investigar" o quintal, as flores e plantas. Este traço pessoal foi tão marcante que, especialmente até seus dez meses, o pôs em diversas situações de risco, por exemplo, quando desencapou o fio-terra de uma máquina de lavar; desenterrou e roeu um cabo telefônico subterrâneo; desenterrou um conduíte de instalação elétrica e moveu a pesada tampa de concreto de um quadro de luz, sem contar as várias intoxicações leves por ingestão de plantas e os episódios de diarréia e constipação por ingestão acidental por isopor, sacos plásticos e fragmentos de canos de PVC.
   Nosso amigo sempre evitou satisfazer suas necessidades fisiológicas próximo ao seu recinto de repouso e alimentação, preferindo praticá-las sobre areia, naturalmente, sem necessidade de adestramento. Neste particular, apresenta duas curiosidades: a) ainda hoje, urina como filhote, no quntal de casa; e como adulto, nos postes de iluminação pública; b) até seus doze meses, defecava exclusivamente no seu território; agora, o faz durante todas as caminhadas.
  
              
      

                  

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pedigree

  Denomina-se "Pedigree" o documento que certifica o registro do animal, junto ao Kennel Clube, atesta a pureza racial e corporifica o histórico genealógico.
   Quanto ao grau de pureza racial, os cães classificam-se em:
a) sem raça definida (SRD), aqueles relativamente aos quais se afigura impossível a determinação da raça, em razão do desconhecimento da raça dos progenitores;
b) mestiços ou mistos, quando, embora conhecidas, são distintas as raças dos genitores;
c) puros, desprovidos de pedigree, quando os antecessores pertencem à mesma raça, porém, um destes (ou ambos) é desprovido de registro; ou, ainda, quando, apesar dos progenitores possuírem registro, o pedigree da ninhada não foi providenciado junto ao Kennel Clube.
d) puros,com pedigree, os que, por terem todos os ascendentes registrados, têm certificada sua pureza  e  definida a árvore genealógica.

   O criador médio ainda prefere dedicar-se a animais sem registro, por considerar excessivamente onerosa e desnecessária a aquisição de um cão munido de pedigree.
   Nada temos contra a criação responsável de cães desprovidos de pedigree, até porque, conforme a generalidade dos brasileiros, iniciamos nossa criação com um SRD, e cultivamos puros, embora carentes de  registro.
   Apenas ressaltamos a maior segurança no convívio com um animal psiquicamente típico, com temperamento equilibrado e reações bem definidas, garantia que somente o pedigree oferece.
    É certo que existem excelentes animais desprovidos de registro: no interior deste Estado, há cães SRD que dsempenham, com eficácia, funções de caça e apreensão de bovinos (à maneira dos Old English Bulldogs); já criamos um Doberman sem pedigree que nada ficou devendo, quanto ao desempenho da guarda. Também é fato (embora raro) a ocorrência de cães providos de pedigree portadores de desvio de temperamento; porém, o  mais seguro é contar com a tipicidade psíquica inerente ao pedigree, principalmente diante de que cem por cento dos acidentes alardeados na mídia são protagonizados por cães sem registro e criados de forma irresponsável.
   Outro ponto é que somente detentores de pedigree podem concorrer em exposições de conformação e beleza, bem como figurar como padreadores e matrizes de Canis reconhecidos.
   Avulta-se a necessidade da tipicidade psíquica e do equilíbrio de temperamento, em se tratando de cães do grupo "Terrier do Tipo Bull" (Bull Terrier, Staffordshire Bull Terrier, American Pit Bull Terrier e American Staffordshire Terrier), devido à sua herança de combatividade a outros animais.
   Brutus goza da nossa plena confiança. Jamais manifestou qualquer atitude hostilcontra as pessoas de casa. Demonstra intenso afeto pela minha mãe, obediência ao meu comando e  amizade para com os demais, apenas se afigurando mais "desrespeitoso" nas brincadeiras com aqueles a quem considera "da mesma hierarquia".

       
      
 
        

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Retrospecto Cinológico

  Nosso envolvimento com a Cinofillia deu-se no ano de 1982, quando eu contava apenas oito anos de idade, ocasião em que surgiu, diante do portão da nossa casa, um simpático cãozinho SRD, bem peludo, à maneira de um Poodle, de com marrom, com nuances fogo, que, apesar de adotado, acabou fugindo. 
  Neste mesmo ano, um amigo da família nos presenteou com um Dálmata, com pintas negras (e não marrons), já adulto, que, por isto mesmo, nunca esqueceu seus antigos donos e também se evadiu.
  Logo após, já empolgados por cães, adquirimos um casal de Pastores Alemães "capa preta", puros, embora desprovidos de pedigree, dos quais recordo os nomes: Zumbi e Doll. Nesta altura, firmaram-se dois marcos decisivos: nossa preferência por cães de guarda e utilidade e a dedicação pelo estudo cinológico, através de livros (Todos os Cães e O Pastor Alemão) e revistas (Cães & Cia.).
   Lamentavelmente Doll pereceu aos três meses, vitimada pela parvovirose; e Zumbi sucumbiu aos quatro, fulminado pela hidrofobia.
  Concluíram meus Pais que  o Pastor Alemão não fora a melhor escolha, em razão do clima pouco ameno da nossa Natal/RN, que potencializava susceptibilidades da raça, motivo pelo qual passamos ao Doberman.
  Luck, estampado acima, era um exemplar fígado, puro, privado de pedigree e morfologicamente atípico, posto excessivamente esgalgado e pernalta, o que lhe conferia altura além do padrão. Desempenhou com louvor sua função de guardião, notadamente na época em que nos mudamos para um bairro novo, ermo, e demasiadamente afastado do Centro. Pereceu ao ser atingido por um caminhão, ao transpor  limite do portão casualmente aberto.
  Átila, adquirido em 1985, era um belo Doberman negro, puro, provido de pedigree e dotado de tipicidade  psíquica e morfológica. Até então primícia da nossa criação, ostentava o emblemático nome oficial Átila dos Eternos Guardiões. Comprovou, em diversos episódios, seu valor como defensor, gerou duas ninhadas e foi nosso grande companheiro na adolescência. Partiu em 1992, deixando insuperáveis saudades e um sentimento de negação para criação de outro cão, o maior obstáculo que eu, a esta altura, estudioso bem fundamentado, enfrentei, ao postular, nos dezesseis anos a diante, a continuidade da criação. Entretanto, o terceiro marco em favor da Cinologia, a adoção do pedigree, houvera sido chantado.
Três argumentos que deduzi, na pugna pela aquisição de outro guardião foram especialmente eficazes: a recordação de que nossa residência fora invadida, uma única vez, por ladrões de roupa, exatamente no período em que estávamos sem apoio canino, entre a partida de Luck e a chegada de Átila; o roubo, no início de 2009, a uma casa vizinha; e a potencial investida daqueles que, na época do crime, figuravam como pedintes e batiam à nossa porta, se avolumando a cada dia.  
  Enfim, quando já contava mais de um ano de secreta busca, na minha Cidade, por um exemplar de Bull Terrier, obtive, nesta mesma época, autorização para comprar e manter um novo cão de guarda. 
  Este histórico deixa claro como, partindo do mais absoluto empirismo, empreendemos cada vez maior aproximação com o rigor técnico, construindo um cabedal de conhecimento e experiência que atualmente beneficia Brutus e Minerva, os cães de parentes e amigos e fica disponibilizado aos que nos buscarem através deste blog.
 
    
    
      
    
    

    
    
    

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O proprietário

    Artur Emiliano, 38 anos, servidor público, cinófilo há 30 anos, aficcionado pela raça desde seus doze anos de idade e criador desde março de 2009.